Quando se lida com crianças entre os 6 e os 12 anos de idade é necessário que os atletas vejam o treinador como alguém que é um amigo, que estes possam sempre contar não só no futebol como também em questões pessoais. Tudo isto começa no feedback que se aplica no treino, que transmitimos para o jogo e que nos vai aproximar cada vez mais do atleta.
Nos momentos de falha, de frustração e de tristeza por parte de um jogador, é quando o treinador tem de aparecer e dar o feedback no timing certo. Saber o que vai dizer, como vai dizer, ter uma sensibilidade necessária para conseguir que numa situação futura as coisas vão correr melhor e que o resultado não é o mais importante.Um atleta a quem o jogo tenha corrido mal é aquele que tem de receber mais feedback no treino e mais incentivo por parte do treinador. Sem hipocrisias: os jogadores não são todos iguais, o “Mister” tem de saber diferenciá-los de uma maneira discreta, e tem de saber como lidar com um atleta que tem um ego muito elevado e com um atleta que seja mais “tímido”.
Todavia, há situações em que o feedback por parte do treinador tem de ser “agressivo”. Não vejo problema quando o orientador fala de forma mais “bruta” com o atleta, é sinal que o treinador está a demonstrar a sua autoridade e não quer dizer que não gosta do menino, muito pelo contrário, é sinal de preocupação e que existem regras no contexto desportivo.
Acima de tudo, é importante que o treinador, no futebol de formação, tenha uma sensibilidade muito grande para ter os jogadores todos do seu lado e que, ao mesmo tempo, consiga ensinar e transmitir os maiores valores, comportamentos e gestos de um futuro adulto exemplar. O futebol de formação é, tal como o nome indica, de FORMAÇÃO das crianças do hoje que serão os Homens de amanhã.
"Antes de ensinar jogadas, devemos ensinar a essência do jogo"
Pessoalmente defendo que as crianças devem primeiro que tudo dominar as 4 técnicas bases de um jogo de futebol:Passe, Receção, Movimentação e Remate.
De seguida, devem compreender e realizar alguns principios essencias como "contenção e cobertura" ; "movimento de rotura"; "combinação direta/indireta"; "profundidade"; "pressão alta"; "permuta posicional".
A capacidade da leitura do jogo e a antecipação do que irá suceder aperfeiçoam-se mais efetivamente através da manipulação das componentes do treino (i.e., número de jogadores por equipa, dimensões do campo, balizas/alvos, regras, etc.). De preferência gosto de dar superioridade à equica com a posse de bola de modo a que se repita, com maior regularidade, o processo pretendido.
Fazer o mais fácil não é sinal de desleixo por parte do treinador, podemos fazer exercícios simples mas com objetivos reais e que vão acontecer em jogo.
"A motivação é uma variável passível de aumentar os efeitos do exercício de treino."
É muito importante que o exercicio de treino cative os jogadores, pois por muito bom que seja o exercício proposto, se os jogadores não estiverem motivados para concretizar os objetivos vai haver um natural sub-redimendo da sua parte.
A taxa de sucesso que é dado às duas equipas é muito importante para que os jogadores se sintam motivados e concentrados até ao final do exercicio. (Daí defender que é importante dar vantagem à equipa com a posse de bola)
Quando falamos em Modelo de jogo referimo-nos a um conjunto de princípios (comportamentos) que resultam na organização de uma equipa dentro do contexto do jogo, ou seja, um conjunto de pautas que ajudem os atletas a saberem o que devem fazer em cada momentos do jogo.
O Modelo de jogo deverá potenciar os aspectos positivos de cada um dos elementos que compõem a equipa e ao mesmo tempo "esconder" as suas debelidades, posto isto, o modelo deve sempre ser adaptado aos plantel.
"O guarda-redes é o primeiro avançado"
No processo ofensivo, o guarda-redes tem de ser um autêntico jogador de campo ou, pelo menos, com competências técnico-táticas aproximadas. Para além das suas capacidades em defender a baliza, a sua preponderância na construção de jogo deve ser bastante ativa, a chamada "saída a jogar a 3". Permite maior profundidade dos defesas centrais e desta forma estarmos mais perto da baliza do adversário e com o maior numero de atacantes possível.
"O jogo de futebol é um espétaculo!"
Um ato criativo comporta uma série de riscos. Por exemplo, uma tentativa de drible por parte de um atleta, pode acarretar uma perda de bola. No entanto, se a equipa jogar de modo organizado, e se existir uma cobertura ofensiva ao atleta que tentou o drible, a possibilidade de se recuperar rapidamente a bola é maior.
Logo, quanto melhor for o modelo de jogo, maior a possibilidade dos atletas criativos poderem expressar a sua individualidade, sem que a mesma prejudique o coletivo.
Costumo dizer aos meus jogadores que no ultimo terço não existem "tácticas", incentivo-os à criatividade individual, porque os golos mais espétaculares muitas vezes advêm de "rasgos de génio".